A geração que nasceu entre 1995 e 2010 começa agora a entrar no mercado de trabalho e promete revigorar os ambientes de trabalho cinzentos, e questionar muitas “certezas absolutas” sobre modelos de colaboração. Mas como? E quem são afinal estes Z?
Vamos, desde já, quebrar o gelo e dizer que não são Zorros 😊
Antes de nos debruçarmos sobre as transformações no local de trabalho que esta nova geração vai trazer, temos de compreender quem são, quais os seus hábitos, como se comportam.
Quem é a geração Z?
De forma muito breve, podemos analisar algumas características da Geração Z, especialmente quando comparados com os Millennials (Geração Y). A Z é a primeira geração totalmente digital e isso influencia os seus comportamentos e preferências.
1) HÁBITOS DE MEDIA
• A Geração Z tem no seu telemóvel um fiel parceiro. Enquanto que os Millennials ainda se dizem fiéis aos computadores.
• A transição nas redes sociais para plataformas de imagem e vídeo (Instagram, Snapchat, Vine, Youtube) e a fuga do Facebook é evidente.
• Enquanto a geração anterior foi bombardeada com os conceitos de “experiência”, a Geração Z procura produtos que satisfaçam as suas necessidades, muito embora a sua propensão para a compra seja mais reduzida.
• Alguns estudos mostram que a Geração Z considera mais atrativo comunicar através de celebridades e atletas do que apenas com o apelo emocional (ao contrário da geração anterior).
2) EMPREENDEDORES E CONHECEDORES DE TECNOLOGIA
As valências e o tipo de investimento (financeiro e tempo) na aquisição de conhecimento, assim como a postura perante ele, são distintos de geração para geração.
Importa entender que a geração do prestador de serviços e da gestão de stocks está a sair do mercado para se reformar. Estamos agora a combinar na força de trabalho o mindset do blogging e do SPSS com as apetências tecnológicas, o empreendedorismo e a inovação.
E estas diferenças veem-se também no seu lema de vida:
Baby Boomers |
Millennials |
Geração Z |
Equilíbrio entre vida |
Nunca confundir a vida |
Geração sempre ligada |
3) STORYTELLING
Têm que se sentir verdadeiramente envolvidos e para isso importam histórias criativas e inovadoras. A Geração Z tem maior dificuldade em concentrar-se muito tempo, sendo que alguns estudos apontam para um período de atenção de apenas 8 segundos. Isso leva a que só mensagens e histórias visualmente fortes ganhem a sua atenção.
4) SOCIALMENTE…
A educação e o contexto familiar influenciam os indivíduos, logo é necessário alertar para a generalização deste tipo de análise.
a) Valorização do Trabalho em si
Esta geração dá menos valor ao salário que as gerações anteriores. Crescem num contexto de crise socioeconómica, de contenção de custos, de partilha de casa e de carro, e isso influencia os seus valores.
Face a uma escolha entre uma proposta aborrecida bem remunerada e um trabalho mais estimulante, embora menos remunerado, eles não vão demorar a decidir. Vão escolher o mais interessante, o que for melhor para a sua evolução e carreira.
b) Preocupações Globais
O facto de serem a primeira geração totalmente digital permitiu-lhes ver o mundo sem sair do telemóvel. Conhecem outras culturas, participam em atividades além-fronteiras em tempo real. Conhecem as diferenças horárias e ajustam-se facilmente aos diferentes idiomas. Isso gera uma preocupação genuína com o seu futuro e o da sua geração em termos financeiros, económicos, sociais, culturais, mas também ambientais.
São críticos em relação à postura das empresas no mundo. Pelo que se a empresa não tiver valores de sustentabilidade e equidade social, facilmente eles recusam trabalhar nessa entidade.
c) A veia empreendedora
Eles são “ensinados” que têm de ser criativos e inovadores. Essas características estão diretamente relacionadas com competências de liderança e gestão.
A Geração Z valoriza, assim, a curva de aprendizagem, procurando soluções para irem mais além profissionalmente.
As empresas que não oferecerem programas de formação, um ambiente verdadeiramente colaborativo com autonomia para a criatividade, serão relegadas para segundo plano por esta nova geração.
d) Valorização do contacto humano
Lembram-se do Marshall McLuhan nos primeiros anos de faculdade? Nascido no início do século XX, ele “viu” a Internet décadas antes dela existir, afirmando que os media (e a tecnologia em geral) se iria transformar numa extensão do Homem.
Esta Geração Z é a prova viva disso. Ela existe dentro dos RPGs (Role Playing Games), tem alter egos assumidos (contas de Instagram além das pessoais) mas não dispensa o contacto humano. Ao contrário dos Millennials que se isolaram um pouco, esta geração valoriza essa relação humana presencial.
Pelo que é importante que as empresas vão além dos chats, dos CRMs, dos algoritmos de avaliação ou das plataformas online de colaboração.
e) Cultura Organizacional pela Diversidade e Inclusão
Esta valorização do contacto humano também se espelha na cultura organizacional através da inclusão. A Geração Z aceita e promove a inclusão.
Talvez olhando para as notícias dos últimos anos, seja fácil de compreender que eles cresceram a ouvir falar em refugiados, terroristas e fanatismo religioso. Mas a par disso, também ouvem e aprendem que esses conceitos não podem ser generalizados e não são categorias por si só.
E este desafio apresenta-se às empresas locais, mas principalmente às empresas globais.
Fontes:
- https://www.forbes.com/sites/ashleystahl/2019/09/10/how-generation-z-will-revolutionize-the-workplace/#58e62d0d4f53
https://www2.deloitte.com/us/en/pages/consumer-business/articles/understanding-generation-z-in-the-workplace.html
https://www.inc.com/ryan-jenkins/the-2019-workplace-7-ways-generation-z-will-shape-it.html
https://www.visioncritical.com/blog/generation-z-infographics